O cantor enfrentou com garra todos os limites da pobreza para poder ganhar a vida com sua grande paixão, a música.
Com nove CDs gravados, mais de dois milhões de cópias vendidas, um Disco de Ouro e três de Platina, Eduardo Costa conquistou um sucesso que jamais ousou imaginar. Sua história é a de um bravo guerreiro!
Aos 31, anos, o cantor, compositor, autodidata e multinstrumentista, que conquistou o público com sucessos como ‘Eu aposto’, ‘Me Apaixonei’ e ‘Dizem que eu sou cachaceiro’, se emociona ao lembrar a infância marcada pela dificuldade.
Veja a seguir como Eduardo Costa tomou as rédeas de seu destino e se tornou um vencedor!A labuta na roça
Edson Vander da Costa Batista (Ele) nasceu em Belo Horizonte (MG) e com poucos meses mudou-se com a família para a cidade de Abre Campo, interior de Minas Gerais. Desde pequeno trabalhava com o pai, João Batista, na lavoura enquanto a mãe, Maria Raimunda, cuidava de outros dois filhos mais novos. “Eu acordava às 5h da manhã, ajudava meu pai tirar leite da vaca, ia para a escola, voltava e ia pra a roça onde trabalhava com ele até o final do dia.”
Alegria da família
A roça era longe da casa e ele tinha que andar bastante. “Meu pai ficava feliz com minha chegada e com o café que eu levava para ele”, se recorda.
Tão logo pode ele já tinha um violão, quando estava com 11 anos. A família adorava ouvir sua cantoria. “Esse era o único momento de alegria”, comentou o cantor com a voz embargada.
Um caipira na cidade
Com o fracasso da lavoura, o pior estava por vir na trajetória do pequeno artista. “Sem roça, ou dinheiro foi muito triste quando tivemos que voltar para a cidade. Na roça todas as crianças iam para a escola descalças e se vestindo igual a mim, falavam como eu... Quando cheguei na cidade com uns 12, 13 anos, era diferente do resto da turma.”
Mingau de fubá
Uma cena que ele não esquece jamais, mudou sua vida. “Um dia ao voltar da escola, encontrei minha mãe de cama, com uma depressão muito forte. Minha irmã menor estava brincando na terra, sozinha, sem roupa, com a cara toda suja, tinha até terra na boca. Eu a peguei bem rápido, levei para o banheiro, dei um banho nela e fui fazer alguma coisa para ela comer. Mas não tinha nada! Achei fubá no armário e fiz um mingau com água e açúcar. Ficou tão grosso que precisei cortar o bico da mamadeira para ela poder tomar. Naquele momento era só aquilo que tinha na minha casa de comida. Eu chorei e nesse dia tomei a decisão de procurar emprego na cidade. Esse fato me marcou muito”.
Na luta sempre
“Trabalhei como ajudante em uma floricultura, depois num sacolão, vendi picolés, fui office boy e à noite cantava nos bares só pelo prazer de cantar.”
Seu pai, não se acostumou com a vida agitada da cidade e voltou para a roça. Ele continuou trabalhando para se sustentar e ajudar a família. E apesar de todas as dificuldades nunca deixou a música de lado.
A banda não deu pé
Aos 16 anos passou a morar de favor na casa de um amigo, Juninho, a primeira pessoa a acreditar em seu talento. Os dois montaram uma banda chamada K&pira, mas a experiência não deu certo. A dupla que viria a seguir, Eduardo & Cristiano, também não vingou.
Bombando a rádio pirata
“Depois de muita insistência, fui abençoado. Uma canção de minha autoria, Coração Aberto, tocou numa rádio pirata de Belo Horizonte. Comecei a chorar de emoção e a partir daí as portas foram se abrindo e a música estourou no Brasil.”
Uma casa para a mãe
Os dias foram passando e o sucesso, enfim bateu à porta do artista. Tão logo pode, ele comprou uma casa para a mãe na capital mineira e uma fazenda para o pai na cidade de Abre Campo.
Hoje, a carreira do músico é administrada pela Talismã, do cantor Leonardo, e com a agenda lotada chega a fazer cerca de 180 show por mês. O artista, compositor e instrumentista da Sony Music já gravou nove CDs, dois DVDs e lidera as paradas de sucesso. É um dos maiores vendedores de discos e shows do país e lota todo espaço onde se apresenta, até no exterior.
Eduardo Costa diz que não tornou-se cantor, mas que nasceu assim e define o sucesso com uma única palavra: “Persistência”.
“Eu acho que tudo na vida tem um propósito de Deus e sempre acreditei no dom que Ele me deu.”
E mais...
- Estudou até o 5º ano, mas fala com segurança sobre os trancos e sucessos da vida.
- O primeiro show foi feito num comício em BH. Ficou sabendo e sem cerimônia subiu no palco e cantou. Naquele dia percebeu a carreira de cantor e instrumentista havia começado.
- Bens: criação de cavalos manga-larga, fazenda, uma mansão em bairro nobre de BH, alguns carros, entre eles uma Corvet, um jatinho e duas motos. Além de colecionar carrinhos de controle remoto e cachaça já perdeu a conta dos relógios, cintos e pulseiras que tem. Emprega cerca de 80 pessoas em sua produção.
- Fé: “Não consigo agradecer a Deus pelas coisas que tenho, em pé. Eu sempre dobro os meus joelhos no chão”.
Matéria feita por mim para a Revista Tititi
Rosely Rodrigues
Fotos postadas no Twitter, na noite desta terça-feira, @eduardocosta.