domingo, 19 de maio de 2019

Luan Santana se supera a cada projeto



“Vivemos tempos difíceis e os momentos simples não valem de nada, se não publicar.
O ego na hora se infla e um elogio idiota já é o combustível para se deslumbrar 
Quantas curtidas merecem o primeiro passo de um filho?
Almoço em família domingo
Quando vamos dar valor pra isso?
E olha que ironia: ficar sem amor tudo bem,
Se o celular tem bateria
Saudade virou coisa antiga nessa proximidade fictícia 
Eu tô com saudade de um abraço que não se digita.


A letra desta música inédita por si só bastava para Luan Santana mostrar a proposta que ele deseja atingir em VIVA, seu novo DVD. Mas o cantor quer mais e pensou em todos os detalhes que simbolizassem este trabalho. A começar pelo estado que servirá de cenário: sim, a já anunciada Bahia de todos os santos e sons. Afinal, há pouco mais de 500 anos navegar era o verbo da vez. Se para conquistar o mundo, aventureiros e corajosos exploraram o mar porque navegar era preciso para haver a conexão de todos os continentes. Hoje, navegar continua sendo o verbo da vez para que as pessoas se conectem. Por isso, a escolha por Salvador, a primeira capital do país.



Como, em se tratando de Luan Santana, tudo tem o seu dia, lugar e hora, vamos aos fatos: 19 de maio, a partir das 17h, no Parque de Exposições, sim, aquele mesmo de grandes eventos, no Por do Sol...

Com este DVD quero que a música contribua para esta proximidade real. E não a fictícia. Que todos possam viver os momentos, curtir. O que mais temos visto em variados ambientes são as pessoas com celulares nas mãos e não sabendo explorar o bem que a tecnologia nos traz. Vamos fazer uma analogia à época da navegação: eles usaram as suas ferramentas para conquistar o mundo e contribuir para a convivência de todos os povos. Queremos este alerta: naveguem, convivam e, depois, compartilhem para contagiar a todos”, afirma Luan.



Para que o maior espetáculo já visto neste país e, modéstia à parte, no mundo, seja transformado no seu sexto DVD de carreira, Luan Santana, sua equipe, a gravadora Som Livre e a Polar Filmes _ isso totalizando 200 profissionais, criação e ideias ilimitadas, além de 30 toneladas de equipamentos  _ estão há mais de seis meses no processo que propõe ao público resgatar o afeto perdido (equivocadamente) para a tecnologia. E é justamente a tecnologia que será enaltecida neste contexto.



Sendo assim, a cenografia valoriza o gigantismo high-tech, com um palco de 100 metros de largura, um dos maiores já vistos abaixo do Equador ou seja qual for o ponto entre o Atlântico e o Pacífico. Em cena, um grande fóssil mecânico terá partes articuladas que vão se desprender ao longo do espetáculo, sendo 22 costelas com uma tonelada de peso em cada. Será uma criatura híbrida - entre cobra e dragão, dinossauro e leviatã,  passado distante e futuro CyberPunk* - que ganhará vida com movimentos, efeitos e luzes, uma praxe em shows de Luan.


Os movimentos do fóssil e o avanço da plataforma, onde o cantor se apresenta, indo ao encontro do público impressiona.


Dessa vez, a proposta vai de encontro e bebe da fonte ao que se convencionou chamar de “CyberPunk”, expressão criada nos anos 1970, que trata de um futuro obscuro em que a alta tecnologia praticamente ofusca os sentimentos mais essenciais do ser humano. 
Nesse contexto, a maioria da população, marginalizada, tenta reivindicar seus direitos perante uma sociedade cada vez menos humana e mais cega pela tecnologia, com menos coração e mais aparelhos celulares em foco.

“A ideia é usar esse fator, do afeto em queda e da tecnologia em alta, para justamente falar de amor nesse DVD”, explica Luan, que continua: “É fazer florescer o amor diante de um tema tão frio. Essa é a estética”, explica. Eis daí a marca que terá destaque no palco e que se propõe como registro do espetáculo: uma flor, tal qual a presente na poesia de Carlos Drumond de Andrade, ganhará forma no cenário, representando a força do amor e da natureza perante a dureza do concreto e ausência de sentimentos.
Na era atual, a imagem de “cada-um-com-sua-tela” só reforça a necessidade de se valorizar o sangue que corre em nossas veias, o calor humano perdido para tantas conexões virtuais e o amor presencial, muitas vezes diluído pelos “likes” das redes sociais.
Queremos provar que a tecnologia é bem-vinda. Ela tem se tornado munição no combate a vários malges ao redor do mundo e fator essencial para a comunicação. Só não se pode abrir mão do abraço, do beijo, do afago latente que emana do calor de nossas mãos. “Viver os momentos e compartilhar. Não só ficar registrando o que se vê, sem conviver com quem está ali. Compartilhar o real para que a proximidade não seja fictícia”, avalia Luan.


Sob a luz da lua, com expectativa de atrair 30 mil pessoas, Luan reuniu na noite de sábado, passagem de som, fãs e imprensa ao som de 12 músicas inéditas e cinco regravações.

Muito bom!

Rosely Rodrigues
Informações: Arleyde Caldi
Fotos 1, 2 e 3: Fred Pontes