Em 2008, um jornal diário de Porto Alegre solicitou a Zezé Di Camargo que escrevesse um depoimento definindo “a cara” da capital do Rio Grande do Sul. Poeta que é poeta, foi além e se declarou ao estado.
“Pediram para eu definir a “cara” de Porto Alegre, mas como o fazer sem lembrar de tantos ícones que nasceram em outras regiões daí? Como toda capital se confunde com o próprio estado, quero ser mais atrevido e expressar o que sinto por todo o querido Rio Grande do Sul, que tanto já cantei em versos e prosa. E, por isso, me julgo no direito de transformar o rincão gaúcho em minha querência amada. Para vocês, a minha tradução de Porto Alegre:
Porto Alegre tem o gosto de saudade da inteligência, da poesia e da sensibilidade de Mário Quintana e Érico Veríssimo. Da herança de como atuar de Carmem Silva e Lílian Lemmertz. Hoje, representadas por Júlia Lemmertz, Silvia Pfeifer, Mel Lisboa, Juliana Didone e Fernanda Lima. Isso sem falar na versão masculina do talento dramatúrgico estampado nos trabalhos de Victor Vagner. Querem mais? Porto Alegre não tem duas caras. Tem várias. E se revelou ainda mais na morenice que esquentou o horário nobre da Globo e que atende por Sheron Menezes.
Do som gostoso que vem com sabor de ecletismo, mas com a mesma tradição de um chimarrão, nas vozes de Elis Regina, Adriana Calcanhoto e na gaita de Renato Borghetti.
Da razão que existe no amor, traduzida em versos e prosas pelo inesquecível e admirado Lupicínio Rodrigues, de quem, humildemente, me julgo seguidor.
Da força da terra emanada na música de Teixeirinha.
Porto Alegre tem a cara do gingado de Ronaldinho Gaúcho. E tem mais escalado na lista: o Falcão, Mauro Galvão e Everaldo Marques da Silva. Da expressão única no corpo da pequena notável Daiane dos Santos. E o esporte compete também com o tenista Thomas Koch e com o judoca João Derly.
Porto Alegre tem também formato de tela grande e traz nos créditos nomes premiados como Tizuka Yamazaki, Jorge Furtado e Carlos Reichenbach.
Dizem que o som não tem forma, mas o de gaúcho tem. Reparem em Humberto Gessinger, Roberto Szidon e Radamés Gnattali. Eles tem a cara de Porto Alegre.
E para reger tanta gente, só mesmo político gaúcho, tchê! Luís Carlos Prestes militou e liderou. Leonel Brizolla deixou sua marca ímpar. E Getúlio Vargas comandou o país de uma forma que só quem conhece a cara de Porto Alegre para entender e administrar um país tão grande e cheio de talentos como o Brasil.
E como precisa de gente para escrever, reportar e contar a história deste povo, assinam a cara de Porto Alegre com todas as letras _ e em bem escritas linhas_, os jornalistas e escritores Álvaro Moreyra, Carlos Nejar, Luís Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Luís Carlos Maciel, Rubem Penz e Caco Barcellos.
Com toda esta constelação, só nos resta olhar para o céu azul e gritar: Viva o Rio Grande do Sul!”
Zezé Di Camargo
“Pediram para eu definir a “cara” de Porto Alegre, mas como o fazer sem lembrar de tantos ícones que nasceram em outras regiões daí? Como toda capital se confunde com o próprio estado, quero ser mais atrevido e expressar o que sinto por todo o querido Rio Grande do Sul, que tanto já cantei em versos e prosa. E, por isso, me julgo no direito de transformar o rincão gaúcho em minha querência amada. Para vocês, a minha tradução de Porto Alegre:
Porto Alegre tem o gosto de saudade da inteligência, da poesia e da sensibilidade de Mário Quintana e Érico Veríssimo. Da herança de como atuar de Carmem Silva e Lílian Lemmertz. Hoje, representadas por Júlia Lemmertz, Silvia Pfeifer, Mel Lisboa, Juliana Didone e Fernanda Lima. Isso sem falar na versão masculina do talento dramatúrgico estampado nos trabalhos de Victor Vagner. Querem mais? Porto Alegre não tem duas caras. Tem várias. E se revelou ainda mais na morenice que esquentou o horário nobre da Globo e que atende por Sheron Menezes.
Do som gostoso que vem com sabor de ecletismo, mas com a mesma tradição de um chimarrão, nas vozes de Elis Regina, Adriana Calcanhoto e na gaita de Renato Borghetti.
Da razão que existe no amor, traduzida em versos e prosas pelo inesquecível e admirado Lupicínio Rodrigues, de quem, humildemente, me julgo seguidor.
Da força da terra emanada na música de Teixeirinha.
Porto Alegre tem a cara do gingado de Ronaldinho Gaúcho. E tem mais escalado na lista: o Falcão, Mauro Galvão e Everaldo Marques da Silva. Da expressão única no corpo da pequena notável Daiane dos Santos. E o esporte compete também com o tenista Thomas Koch e com o judoca João Derly.
Porto Alegre tem também formato de tela grande e traz nos créditos nomes premiados como Tizuka Yamazaki, Jorge Furtado e Carlos Reichenbach.
Dizem que o som não tem forma, mas o de gaúcho tem. Reparem em Humberto Gessinger, Roberto Szidon e Radamés Gnattali. Eles tem a cara de Porto Alegre.
E para reger tanta gente, só mesmo político gaúcho, tchê! Luís Carlos Prestes militou e liderou. Leonel Brizolla deixou sua marca ímpar. E Getúlio Vargas comandou o país de uma forma que só quem conhece a cara de Porto Alegre para entender e administrar um país tão grande e cheio de talentos como o Brasil.
E como precisa de gente para escrever, reportar e contar a história deste povo, assinam a cara de Porto Alegre com todas as letras _ e em bem escritas linhas_, os jornalistas e escritores Álvaro Moreyra, Carlos Nejar, Luís Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Luís Carlos Maciel, Rubem Penz e Caco Barcellos.
Com toda esta constelação, só nos resta olhar para o céu azul e gritar: Viva o Rio Grande do Sul!”
Zezé Di Camargo