O cantor Daniel lançou recentemente o CD e DVD - “Daniel in Concert em Brotas”, pela Universal Music, onde reuniu canções de sua memória afetiva e sucessos da música brasileira. O trabalho sofisticado foi gravado no cinema que o artista restaurou em sua cidade natal, Brotas.
Durante a entrevista, Daniel falou sobre o novo trabalho, nosso país e seus projetos futuros.
Foi sua a ideia de fazer este projeto? Pode se dizer que ele é o mais audacioso de sua carreira?
“Eu diria que o projeto mais audacioso foi o anterior ‘Daniel, 30 anos - O musical’, mas este projeto foi bem maior e ele fecha as comemorações dos 30 anos.
Em termos de qualidade, eu procurei uma “Big Band”, com 27 músicos, mixar o projeto com o renomado engenheiro de som Moongie Canazio, em seu estúdio em Los Angeles, não desrespeitando a qualidade dos produtores do Brasil.
A escolha e a importância da gravação no Cine São José foi por causa da energia do palco, onde participei de festivais no começo da minha carreira. Também, por me sentir em casa, que é sempre uma grande responsabilidade e uma obrigação de fazer bem feito. Foram dois dias de gravação, captamos áudio, vídeo e o projeto rolou do jeito que esperávamos. ”
Acredito que foi muito difícil a escolha do repertório deste seu novo trabalho, pois foram 29 músicas e mais de 2 horas de show. Como foi definir essa trilha sonora pessoal?
“Foi bem interessante, fizemos uma reunião, eu, o Rodrigo Costa, e o produtor do projeto, Marcelo Amiky. Em pouco mais de 1 hora já tinham mais de 60 músicas! Então, a partir daí, houve a preocupação de fechar esse repertório que seria de 30 músicas. Já tínhamos fechado grandes hits e depois era a vez de colocarmos um molho no tempero e eu já cantarolava há tempos esses artistas em meus shows. Depois fomos ajustando os ritmos às músicas para fecharmos tudo isso. Parece piada, mas ensaiei apenas duas vezes esse repertório. E com isso fomos chegando à conclusão de que um estilo não vive sem o outro e música é música, cada uma tem sua história. Acabamos deixando de fora uma canção do Guilherme Arantes. Acho que ficou com uma sonoridade diferente, um repertório que o público aceitou e ficou muito feliz também.”
Como foi a escolha das participações especiais? Ficou alguém de fora que você gostaria que participasse?
“O Carlinhos Brown foi o único dos amigos que marcaram minha história recente, os outros são velhos conhecidos, mas as escolhas das participações foram feitas com muito carinho. Decidimos que participariam da gravação a dupla Milionário e José Rico, Moacyr Franco, Luiza Possi e As Irmãs Galvão, mas a agenda dos artistas acabou não fechando com a data da gravação, na época.”
Assistindo ao DVD, a gente percebe que houve uma entrega total para se chegar a um resultado final maravilhoso, na qual o show acaba se tornando um espetáculo. Este é o maior presente para um artista completo como você?
“A energia foi muito boa, a gente fez com o coração, então ficou muito fácil. Foi tudo natural, a resposta do público, trazer esse espetáculo para os jovens, seus filhos, para a mídia... Idealizar algo com o coração e receber uma resposta positiva foi incrível!”
Quais seus projetos para 2016? Poderia acontecer um acústico com seus sucessos e sucessos da época com João Paulo? E o ‘Meu Reino Encantado’ vai seguir em frente?
“Dentro dos meus sonhos, com certeza seria realizar um DVD do ‘Meu Reino Encantado’, um projeto de com músicas de raízes. Mas, quero para o ano que vem também gravar um CD de inéditas, agora que estamos com essa grande parceira da Universal. E outro projeto é finalizar em Brotas, o Instituto José Daniel, para crianças carentes, proporcionando algo melhor para elas, sempre sonhando com um país melhor e fazer o bem sempre.”
Seu pai (Sr. José Camilo) sempre está participando e cantando com você nos shows da estrada, não é muita emoção para o seu coração ter o prazer e privilégio de estar com seu grande incentivador?
“Sempre é uma emoção muito forte. Meu pai é para mim é muito divino, um espelho, meu professor, o pouco que herdei dele e da minha família faz parte do meu caráter como ser humano, por isso é sempre um prazer dividir o palco com ele.”
Hoje nosso país vive um momento difícil, uma corrupção tremenda, uma crise violenta e para piorar acontecem esses fatos como na cidade de Mariana. Vale ressaltar o terror em Paris. O que você acha disso tudo que deixa o mundo um pouco cinza e sem graça?
“A gente fica muito triste com tudo isso e nós que elegemos essas pessoas do poder , o que é o pior disso tudo. Pagamos altos impostos e não recebemos nada em troca, a educação, a saúde, tudo um caos. Queremos um país melhor, mas tudo vai ficando mais distante. A gente tem parcela de culpa também, a gente tem que reclamar menos, acreditar mais, fazer a nossa parte e cobrar mais. Poder gera poder, violência gera violência, falta amor ao próximo, o que nos resta é fazer mos o bem, esperar dias melhores e esperar o que vai acontecer com o nosso país. Vamos vivendo e lutando, sem deixar a peteca cair.”
"Um grande abraço e fiquem com Deus!
Daniel"
Rosely Rodrigues
Foto e informações: Marco V. Cunha / Country Club Brasil